domingo, 20 de novembro de 2011

Programação "Uma outra Calourada é possível"-Universidade Federal de Uberlândia 21-25 de Novembro



SEGUNDA-FEIRA – 21/11



14h00
Mesa-Redonda- Construção Coletiva nos Movimentos Sociais
Diretório Acadêmico de Psicologia
Cleiciane – Movimento Popular Pela Reforma Agrária (MPRA)
Local: 1H48



16h00

Mesa-Redonda- Alimentando
O mundo com veneno: Agricultura Corporativa X Agroecologia
Discussão sobre alternativas para produção de alimentos sem implementos agrícolas
Diretório Acadêmico de Geografia (DAGEO)
Local: 1H55


TERÇA-FEIRA – 22/11

14:00
Mesa Redonda - Bate papo sobre Educação Anarquista
Coletivo Mundo Ácrata
Munis Pedro Alves, Thiago Lemos, Fabrício Monteiro, Marcelo Silva
Local: 1H55

16:00
Mesa Redonda- Entre blocos: O “Jambolão” que temos e o “Jambolão” que gostaríamos de ter
Diretório Acadêmico de Geografia (DAGEO)
Local: Jambolão ( ao lado do bloco H)

19h00
Mesa-redonda- Criminalização dos movimentos sociais
Prof. Luiz Cesar Machado Macedo - FADIR UFU
Ricardo Takayuki Tadokoro - Coletivo Dialogação
Local: Anfiteatros 5O A/B 

QUARTA-FEIRA – 23/11

14:00 
Mesa Redonda - Um debate bem bolado 
Criminalização da Maconha: um problema social ou uma proposta conservadora muito rentável?
Exibição do documentário “Cortina de Fumaça” ( Rodrigo MacNiven, 2011)
Diretório Acadêmico de Geografia (DAGEO)
Local: 1H55

19h00
Mesa-Tema- Universidade Pública: Trabalho, Assistência Estudantil e Financiamento.
Marcelo Zuza – Diretório Acadêmico de Geografia
Amanda Callegari - Diretório Acadêmico de Psicologia
Local: Anfiteatros 5O A/B 


QUINTA-FEIRA – 24/11

14h00
Oficina de Forninho de pizza
Diretório Acadêmico Livre de Arquitetura e Urbanismo (DALAU)
Local: Ao lado do Bloco I


19h00
Palestra- Tropicália e Juventude
Diretorio Acadêmico Livre de Arquitetura e Urbanismo (DALAU)
Prof.  Doutor Luiz Carlos de Laurentiz
Local: Anfiteatros 5O A/B 

22:30
Pizzada  
Diretório Acadêmico Livre de Arquitetura e Urbanismo (DALAU)
Troller's Society (Rock Nacional e Internacional)

Local: A confirmar




SEXTA-FEIRA – 25/11



16h00
Oficina - Como projetar uma composteira caseira
Centro Acadêmico de Engenharia Ambiental (CAAMB)
Local: Ao lado do Bloco I (Em frente ao D.A. de Arquitetura e Urbanismo)


19h00
Mesa-Redonda- Trabalho e Terceirizações nas universidades Públicas
Centro Acadêmico de História (CAHIS)
Mário Guimarães Júnior - Fasubra Sindical
Local: Anfiteatros 5O A/B 

22h00
Sarau 
Banda Cidadão Black 
Banda Muñoz


Local: A confirmar


LUGAR DE POESIA...



Diretório Acadêmico de Letras Vinícius de Moraes (Dalvim)



Durante todo o evento, ficarão disponíveis cartazes, blocos e materiais diversos, em convite à intervenção e criação reflexiva e poética dos estudantes, que serão posteriormente expostas no sarau de encerramento e em espaços da universidade.

domingo, 6 de novembro de 2011

Construção de conhecimento é quebrar os limites da cela de aula*


A mesa redonda tinha como tema a atuação do professor de história, daí minha fala tomar este foco específico. Apesar disso, a idéia discutida é válida para qualquer professor, inclusive aqueles que atuem fora do sistema escolar estrito. Como enfatizado, por trás de uma questão aparente de títulos – como o historiador, o matemático, o biólogo etc. - o debate real se dá entorno do posicionamento político destes professores. A escolha entre atuar como “repassador” de conteúdos ou co-criador de conhecimento junto aos demais envolvidos, sejam alunos, outros professores, pais...
Mais do que isso, “criar conhecimento” não significa apenas dar abertura para que os alunos dêem suas opiniões sobre um assunto pré-determinado pelo currículo da escola. Tampouco se limita a levantar temas pontuais de interesse dos estudantes para depois formatá-los nos padrões clássicos da aula expositiva ou de dinâmicas mais ou menos divertidas nos limites da cela de aula.
Criar conhecimento, na minha visão e no que procuro fazer cotidianamente em minha própria prática política e profissional, é tentar alargar espaços. Espaço de pensamento, quer dizer, do que já se conhecia, gostava, interessava; espaço de relacionamento, especialmente entre estudantes e destes para com as “autoridades” escolares (incluindo, sobretudo, o próprio professor – eu mesmo) e, o mais importante para nossa atualidade em minha opinião, espaço social que os estudantes possuem como co-criadores da escola. Este último é o mais restrito de todos, mais apertado do que a área da própria cela de aula.
Os alunos depredam o patrimônio escolar? Quebram torneiras, escrevem nas paredes, roubam peças dos computadores, arrancam grades, colocam fogo nos banheiros e biblioteca? Sejamos sinceros: isso é de se espantar? Alguma destas coisas foi construída por eles? Houve sua participação nas decisões que implementaram as regras de convivência, a estrutura física, as disciplinas e conteúdos, distribuição de pontuações, quem são seus professores? Como esperar respeito e vontade de bem-cuidar sobre algo que não se reconhece como seu, pelo contrário, que só se torna mais e mais estranho com o passar do tempo e a cada vez maior perda de autonomia das unidades escolares frente às secretarias de educação?
Os estudantes são muito mais perspicazes que se pensa: eles percebem facilmente, e reagem frente a isso de pronto, a balela do discurso da “propriedade pública”. “A escola é feita com dinheiro público, logo, é de todos e sua também!” – choraminga a diretora frente aos alunos do oitavo ano que quebraram pela quarta vez no ano o ventilador de sua cela. Mas aqueles jovens percebem muito bem – talvez não te digam isso com a “racionalidade” do discurso formal que você espera – que aquilo não tem nada de público; aquilo é sim propriedade estatal.
Não, eles não vão saber te falar o que é “Estado”, “estatal” ou coisas assim, só que se você perguntar direito e com sinceridade, eles vão te falar claramente que quem montou aquele espaço não foram eles, foi uma força exterior, poderosa, mas indefinida, sem rosto e sentimentos. Quem montou aquele espaço físico da cela, quem inventou o espaço social deles como “alunos”, como “cidadãos do amanhã” (e não de hoje, deixando por enquanto de lado essa discussão sobre “cidadania”). Quem nomeou aquele professor foi um sabe-se-lá-quem que nunca viu o cara dar aula, não sabe e não quer saber as besteiras que ele diz e como trata os estudantes.
Construir conhecimento é construir experiências de alargamento destes espaços, e não simplesmente fazer um poema sobre “meu bairro” para ser pregado no mural oficial da escola (se é que pelo menos  isso existe na sua escola...). É, no, limite, voltar-se em conjunto com os demais envolvidos nisso tudo contra a escola. Contra essa escola.
Não há receita para isso. Minha experiência particular não pode ser aplicada em sua escola e vice-versa, entretanto podemos refletir sobre nossas experiências mútuas (mais práticas que livrescas, por favor) para potencializar nossas reflexões e ações, que, no limite, deverão ser coletivas.
Entre em contato conosco, vamos construir coletivamente alternativas e experiências para formas de educação tendo em vista, agora e no futuro, autonomia e anarquia.

Fabrício Monteiro é doutorando em História pela UFU ( Universidade Federal de Uberlândia); professor da rede pública municipal de Uberlândia; autor do livro “ O Niilismo Social: anarquistas e terroristas no século XIX”( Annablume, 2010) e membro do Coletivo Mundo Ácrata.
      
*Trabalho originalmente apresentado na Mesa Redonda “ Profissão professor e ensino de História”, durante a Semana de História da UFU, que teve como tema “ Função social do historiador: teoria, historiografia e ensino de História”, realizada entre os dias 31 de outubro e 05 de novembro de 2011. Áudio da palestra disponível em: http://www.4shared.com/file/yW40Net8/Mesa_Redonda_Semana_de_Histria.html             

sábado, 5 de novembro de 2011

2ª FEIRA ANARQUISTA DE SÃO PAULO






Em 2006 foi realizada a 1ª Feira Anarquista de São Paulo, que contou com diversas atividades, dentre elas mostra de filmes, debates, exposição de materiais, shows e leitura de poesias. Ao longo de um dia cerca de 1000 pessoas circularam pelo evento.
Cinco anos depois, a Biblioteca Terra Livre e o Coletivo Ativismo ABC organizam a 2ª Feira Anarquista de São Paulo, inspirada nas feiras que vem ocorrendo em várias cidades do mundo e na tradição dos festivais operários de propaganda e difusão do anarquismo no Brasil.
Acontecerá, como no evento anterior, uma mostra editorial e venda de livros, jornais, revistas, fanzines e outros materiais libertários. A Feira de São Paulo pretende reunir as editoras libertárias do país e do exterior.
Paralelamente à mostra editorial haverá palestras e debates, assim como diversas atividades culturais, como exibição de filmes e vídeos, exposições, poesias, apresentações teatrais e musicais.

Todos estão convidados!

PROGRAMAÇÃO:

10h - Debate: Grupos de Estudos como Práticas de Educação Anarquista – Geipa (Joinville), Grupo de Estudos José Gomez Rojas (Chile) e Biblioteca Terra Livre (São Paulo)

10h - Filme: A Patagonia Rebelde, 1974. 107 min

11h - Lançamento dos Livros e apresentação do Coral Filhos do Povo

11.30h - Debate: Análise conjuntural de 9 anos do PT no Governo, rearticulação das organizações de direita e estratégia de luta libertária neste contexto – Núcleo Anarquista de Curitiba

13h - Filme: Flor do Asfalto

13.30h - Musica: Ronald e Ordinaria Hit

14h - Filme: Louise Michel, a rebelde, 2009. 90 min.

14h - Debate: Perspectivas do Anarquismo e dos Movimentos Sociais na França – Philiipe Pelletier, Federação Anarquista (Lyon/França)

15.30h - Teatro: Leitura Dramática: Louise Michel na Comuna de Paris – Beatriz Tragtenberg

16h - Debate: Movimento Estudantil e Autogestão no Chile - Grupo de Estudios José Domingo Gomez Rojas

17h - Debate: Ocupe o Mundo: o movimento mundial de ocupações e sua relação com princípios e práticas do anarquismo histórico - Ocupa Sampa, Ocupa Anhangabau, Acampadas USP (Geografia e Pscicologia)

17h - Debate: O anarquismo especifista - Conversa com a OASL.

18h - Debate: Arte e Anarquia – Ronald Creagh (Montpellier/França)

19.30h - Musica: Brian, “O Trovador”

A atividade de Muralismo e as Exposições ocorrerão ao longo de todo o dia.

Data: Domingo - 04 de dezembro de 2011

Horário: das 10h às 20h

Local: Espaço Cultural Tendal da Lapa Rua Constança, 72 – Lapa, São Paulo, SP, Brasil Próximo à estação de trem e terminal de ônibus Lapa. 

Entrada Gratuita.

Organização:
Biblioteca Terra Livre
Ativismo ABC

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Colóquio Internacional de Poesia e Dramaturgia em homenagem a Federico García Lorca -UFU



28 novembro
14h: Credenciamento
Local: Saguão - bloco 5O
16h: Colocação de pôsteres e painéis
Local: Saguão - bloco 5O
17h: Exposição de fotos do Grupo de Pesquisa "A dramaturgia poética de Federico García Lorca"
Local: Saguão - bloco 5O
19h: Abertura solene
Reitor, Pró-reitores de Pesquisa e Extensão, Diretora de Cultura, Diretora do ILEEL, Diretora do IARTES, Coordenador (a) do Mestrado em Letras e Coordenador (a) do Mestrado em Artes
Local: Saguão - bloco 5O
20h: Apresentação musical: Polyana Alves e João Gabriel
Local: Saguão - bloco 5O
20h30: Coquetel de abertura e lançamento de livros
Local: Saguão - bloco 5O
29 novembro

10h - 12h: Conferência de abertura:
"El poeta en Nueva York: o Federico García Lorca entre angustia existencial y angustia criadora"
Profa. Dra. Mme. Jocelyne Bourligueux
(Profa. da Universidade de Nantes/França e Pesquisadora membro do CRIMI - Centre de Recherches interdisciplinaires sur les Mondes Ibériques Contemporains - Sorbonne)
Local: Anfiteatro A - bloco 5O
14h - 16h: Mesa-redonda I
"La metáfora y lo popular en la poética de Federico García Lorca"
Profa. Dra. Gloria Vergara
(Diretora da Faculdade de Letras e Comunicação da Universidade de Colima/México)
Mediadora: Profa. Dra. Maria Ivonete Santos Silva (ILEEL/UFU)
Local: Anfiteatro A - bloco 5O
15h - 18h: Exposição de pôsteres e painéis
Local: Saguão - bloco 5O
16h - 16h30: Coffee-break com apresentação musical
Local: Saguão - bloco 5O
16h30: Palestra: "Poesia e Melancolia"
Dra. Ana Portugal
Local: Anfiteatro A - bloco 5O
17h30 - 19h: Sessão de comunicações I
GT: "Poéticas de resistência: o mítico e político"
Coordenadoras: Profa. Dra. Elzimar Fernanda Nunes (ILEEL/UFU) e Profa. Dra. Enivalda Nunes Freitas (ILEEL/UFU)
Local: Sala 304 - bloco 3Q
17h - 20h: Sessão de comunicações II
GT: "Mito e símbolo na obra de Federico García Lorca"
Coordenadoras: Profa. Dra. Sueli Maria de Oliveira Regino (UFG) e Profa. Dra. Suzana Yolanda L. M. Canovas (UFG)
Local: Anfiteatro A - bloco 5O
20h: Apresentação artística: Coral da UFU
Local: Saguão - bloco 5O
30 novembro
9h - 11h: Mesa-redonda II
"A cultura anarquista na Espanha entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX: literatura, estética e política"
Profa. Dra. Dóris Accioly (USP)
Mediadora: Profa. Dra. Betina Ribeiro Cunha (UFU/ILEEL)
Local: Anfiteatro A - bloco 5O
10h - 12h30: Sessão de comunicações independentes I
Coordenadora: Profa. Dra. Irley Machado (IARTE/UFU)
Local: Sala 201 - bloco 3Q
14h - 17h: Mini-curso zinepoesia e varal poético
Local: Centro de convivência
14h - 15h: Mesa-redonda III
"Metáforas e imagens: o diálogo entre o documentário e a poesia brasileira"
Profa. Dra. Kenia Maria de Almeida Pereira (ILEEL/UFU), Prof. Dr. João Carlos Biella (ILEEL/UFU), Prof. Dr. Paulo Fonseca Andrade (ILEEL/UFU) e Prof. Ms. Renan Fernandes (ILEEL/UFU)
Local: Anfiteatro A - bloco 5O
15h - 18h: Exposição de pôsteres e painéis
Local: Saguão - bloco 5O
15h - 16h: Mesa-redonda IV
"Erotismo e religiosidade na obra de Federico García Lorca"
Profa. Dra. Irley Machado (IARTE/UFU)
Mediadora: Profa. Ms. Simone Passos (UFG)
Local: Anfiteatro A - bloco 5O
16h - 17h30: Sessão de comunicações III
GT: "Octavio Paz, Lorca e outros surrealistas..."
Coordenadores: Profa. Dra. Maria Ivonete Santos Silva (ILEEL/UFU); Profa. Dra. Fabiana Vanessa Gonzalis (ILEEL/UFU) e Prof. Dr. Fernando Júlio Cabrera (ILEEL/UFU)
Local: Sala 201 - bloco 3Q
16h - 18h30: Sessão de comunicações independentes II
Coordenadora: Profa. Dra. Irley Machado (IARTE/UFU)
Local: Anfiteatro A - bloco 5O
18h30: Palestra: "O Pastoril de Alagoas: aspectos dramáticos, musicais e coreográficos"
Prof. Dr. Antonio Lopes Neto (Universidade Federal de Alagoas/UFAL)
Local: Anfiteatro A - bloco 5O
19h30: Conferência de encerramento
Profa. Dra. Glória Vergara
(Diretora da Faculdade de Letras e Comunicação da Universidade de Colima/México)
Local: Anfiteatro A - bloco 5O
19h30 - 21h: Sarau poético-musical
Local: Tenda da Dicult - bloco 3E
21h: Encerramento festivo
Local: Tenda da Dicult - bloco 3E

Quem somos




O Coletivo Mundo Ácrata formou-se em fins de 2010 e de lá para cá vem firmando-se enquanto grupo e definindo suas estratégias e espaços de atuação. Entre aquele primeiro ano e meados de 2011, realizamos um inicial Curso Livre de Anarquismo, dividido em módulos mais ou menos mensais em que discutimos sobre alguns “clássicos” do anarquismo (Proudhon, Bakunin, Kropotkin e Rocker).
Aquela primeira atividade possuiu um objetivo duplo. Realizada no interior da Universidade Federal de Uberlândia, pretendíamos fazer notar que há ainda ali um interesse pela política anarquista: acontece que, através de seu Instituto de História, ao longo de muitos anos uma considerável produção acadêmica sobre o anarquismo foi sendo produzida, mas nos últimos tempos suas monografias, artigos, dissertações e teses foram cada vez mais relegadas à poeira dos arquivos e de nosso Centro de Documentação (ou à deriva no infinito mar de dados dos arquivos eletrônicos). Produção acadêmica não indica produção de ação política, mas é uma das formas de manter viva a presença do anarquismo na sociedade e uma possível porta de entrada para a militância hoje em dia.
Nosso segundo objetivo com o Curso Livre foi criar uma oportunidade de autoformação inicial do grupo. Autoformação em um sentido de lançar um espaço onde pudessem encontrar-se indivíduos com um anseio de liberdade nas veias e vontade de atuar em sua construção e também em um sentido de discutir melhor entre aqueles nós, que propúnhamos a compor o Coletivo, o que entendíamos por anarquismo e as possíveis vias de ação de acordo com nossa realidade.
Nossa avaliação da atividade foi extremamente positiva. Tivemos um número satisfatório de interessados em saber mais sobre o tema e algumas pessoas que passaram inclusive a fazer parte do Coletivo (enquanto um número ainda maior de pessoas que inicialmente pretendiam formar o grupo fora desaparecendo aos poucos, o que é recorrente nesse tipo de organização!). Após uma malfadada tentativa de realização de outro evento no interior dos muros da Universidade – desta vez o interesse mostrou-se quase nulo, não sabemos se por alguma falha de divulgação, por ser momento de greve de funcionários e professores ou porque simplesmente ninguém agradou mesmo da proposta de Oficinas – passamos a conversar melhor sobre nossas possibilidades de atuação.      
O ponto de partida para essa reflexão foi a pergunta: onde a maior parte de nós já está atuando ou atuará em um futuro próximo? A maioria dos integrantes do Coletivo Mundo Ácrata compõe-se de professores ou destes em “formação”; o que percebemos como um pensamento em comum seria, então, a consideração da educação como um viés político de possibilidade de intervenção cotidiana.
Educação não significa necessariamente “escola”. A construção conjunta de estratégias e alternativas junto a moradores de um bairro para resolverem seus problemas é educação, a atuação sindical envolve educação e diversas outras alternativas. Porém, o espaço social que se mostrou mais familiar e comum ao grupo no momento, e, portanto, mais propício à experimentação política ativa, foi a instituição escolar.     
Experimentação junto a alunos que têm motivos específicos para estarem ali (que podem ir desde “gostar de estudar” até “venho porque o conselho tutelar ameaçou tirar minha guarda de minha mãe se eu não viesse”); outros professores que têm motivos específicos para estarem ali (que podem ir desde um genérico “penso que a educação escolar pode fazer alguma diferença” até “trabalho aqui só para sobreviver, não consegui passar no concurso do Tribunal Regional”); diretoria e supervisão que se tencionam entre afirmarem-se ainda “professores” e atuarem de fato como meros burocratas do Estado; pais que gangorram entre confiar em alguma utilidade social da escola para seus filhos e nem saber mais direito para que serve a escola além de um depositário de crianças e adolescentes enquanto os adultos trabalham. Querem um ambiente mais ricamente político que esse? Mais desafiador para qualquer militante anarquista? Duvidamos que Edgar Leuenroth ou Neno Vasco conseguiriam atuar tão belamente como fizeram em sua época se estivessem em uma escola pública de hoje!
Essa última frase foi obviamente uma provocação. O que queremos dizer é que muitas vezes os anarquistas de hoje vêem a atuação com a educação, especialmente a escolar, como algo mais “fácil”, feita por militantes que não conseguem ou não têm coragem o suficiente para atuar nos “verdadeiros” movimentos da sociedade. Afirmamos, porém, que não há ambiente mais conflituoso, complexo e no centro da “ordem do dia”, em termos de potencial para movimentar a sociedade, que este. Aquela visão acontece porque percebemos que mesmo alguns anarquistas que são professores, quando entram em uma sala de aula esquecem o anarquismo do lado de fora e realizam atividades com seus alunos, colegas professores, pais e direção como qualquer outro professor liberal que quer passar conteúdos previamente apostilados sobre seres passivos sentados em carteiras enfileiradas.
 Não refletem sobre formas libertárias de construção conjunta de conhecimento; não pensam sobre suas posturas e posicionamentos, por exemplo, nas reuniões de professores quando alguma decisão tem que ser tomada; não criam alternativas sobre como falar com um pai em uma reunião sobre o filho “bagunceiro” de modo a não simplesmente colocar a culpa no jovem por ele se revoltar contra a coisa sem sentido que é sua escola; colocam a culpa e esperam soluções dos problemas da escola vindas dos governos, sem tentar mobilizar minimamente aquela que é, de fato, a maior força naquele ambiente, os seus próprios alunos. E por aí vai...
 O que pensamos que falta entre esses anarquistas é enxergar a educação também em seu potencial verdadeiramente político e não “cultural” como gostam de falar: em um sentido de “coisa secundária” a ser resolvida na sociedade, cujas transformações “não encheriam a barriga” dos necessitados ou que não teriam a mesma importância de outros movimentos sociais em termos revolucionários e autorganizativos das pessoas.
 Dessa forma, falta hoje, a nosso ver, entre os anarquistas em geral uma militância cotidiana, dura e persistente na educação, mais ainda dentro das escolas. Falta uma rede de comunicação, de troca de experiências, de reflexão político-pedagógica, de produção de conhecimento, de criação coletiva de alternativas de atuação no cotidiano escolar, de apoio mútuo, de centros de referência organizativos entre educadores anarquistas. Não falamos de linhas de pesquisa universitárias sobre educação anarquista, mas algo construído por educadores anarquistas cuja militância é cotidiana, persistente e real na sociedade. Também não almejamos apenas criar aulas mais “liberais”, “light” ou “agradáveis” para os alunos, e sim construir em conjunto com outros indivíduos do amplo espaço escolar (para além dos muros do prédio em si) alternativas de contestação, auto-organização e auto-educação.  
 O Coletivo Mundo Ácrata almeja ser um grupo que funcione gradativamente como essa rede de educadores anarquistas e libertários (aquela palavra de sentido mais amplo, muitas vezes útil para pessoas preferem não se definir anarquistas). Sua síntese de propostas inicia s são as seguintes:
• Funcionar como um grupo de estudos para autoformação, tendo em vista refletir sobre a educação anarquista (não significa debater apenas temas pedagógicos, mesmo estudando o sindicalismo, a arte, a psicologia, a história, a teoria anarquista subsidia-se a ação educacional em sentido amplo).
• Funcionar como um grupo de criação e divulgação de alternativas de atuação para educadores. Através de trocas de experiências mútuas e discussão coletiva, trabalhar na elaboração de sugestões de aulas, atividades inter e extra disciplinares (fora completamente dos currículos oficiais), alternativas de posicionamento do educador frente a alunos, pais, colegas, governo etc. tendo em vista a auto-organização e auto-educação. Não se trata de criação de “receitas” para a atuação do outro, mas incitar a reflexão de cada um sobre práticas de companheiro que já estão dando certo, ou que potencialmente poderiam dar certo, para a sobreposição da sugestão por cada educador em sua realidade.
• Funcionar como um meio de propaganda do anarquismo como alternativa pedagógica e educacional. Isso só poderá ser bem realizado através de experiências concretas - individuais e coletivas - para que não se caia na pura propaganda teórica. De nada adiantaria, no mesmo sentido, nossa atuação em espaços “aclimatados” de um, por exemplo, “espaço cultural” onde apenas aqueles já interessados apareceriam para atividades pré-selecionadas. Almejamos a atuação em situações comuns à grande maioria dos educadores: escolas públicas, em sua maioria super-lotadas, repletas de problemas de ordem burocrática e infra-estrutural etc. Se, como anarquistas, não conseguirmos atuar em espaços sociais onde realmente está o problema, as propostas anarquistas serão apenas mais uma bela teoria, praticável apenas em circunstâncias ideais e irreais.  
• Funcionar como uma rede de comunicação e contato entre educadores que têm suas experiências, reflexões e esperanças em uma atuação anarquista e/ou libertária, mas que muitas vezes podem se sentir solitários em seu trabalho (e acabam desistindo por isso). Também seria um meio de fazerem-se encontrar essas pessoas para a organização de ações conjuntas. 
Com isso, em resumo, o Coletivo Mundo Ácrata propõe-se a uma atuação ao mesmo tempo individual e coletiva. Uma militância cotidiana constante nas atividades e trabalhos de cada um de seus integrantes, mas que através do grupo seja potencializada como uma atuação social que extrapole a nós mesmos e envolva criação, comunicação, propaganda, reflexão, organização coletiva de outras pessoas tendo em vista uma educação e uma sociedade anarquistas.