quinta-feira, 22 de agosto de 2013

V Simpósio Temático: “Educação, Cultura e Filosofia – aproximações”

Dias: 05 e 06/09/2013
Local: Anfiteatro da Biblioteca - Bloco B
Horário: 19 às 23 horas
Realização: Cursos de História e Pedagogia do UNIPAM
Parceria: Curso de Letras

O Simpósio Temático“Educação, Cultura e Filosofia: aproximações”, desde 2009, inaugurou uma série de debates no interior dos Cursos de História e Pedagogia do UNIPAM, contemplando a contribuição de importantes pensadores e suas reflexões acerca da educação, cultura e filosofia. A partir desta edição, o Curso de Letras também estará participando conosco. Na mesma orientação dos anteriores, nesta quarta edição do evento, pretendemos irrigar o debate, abordando personalidades do pensamento ocidental, na área de Ciências Humanas. O Simpósio é aberto a todas as pessoas interessadas no campo de estudo das Humanidades.

     PÚBLICO     ALVO
        Estudantes dos cursos de História, Pedagogia, Letras, Jornalismo, Psicologia e         Direito.
        Professores da área de Ciências Humanas.

PROGRAMAÇÃO

Quinta-feira – dia 05 de setembro
19 horas: Abertura – Prof. Me. Marcos Antônio Caixeta Rassi
19 h 15 min: Autora:  Helena Antipoff– Conferencista Profa. Me. Fernanda Corrêa
20 h 15min: Autora: Cecília Meireles – Conferencista Prof. Esp. Simone Caixeta

21 h 15 min – Autor: Oscar Niemeyer – Conferencista Esp. Alex Castro Borges

Sexta-feira – dia 06 de setembro
19 horas: Autora: Lídia Weber – Conferencista: Fernanda Melo
20 h 15min:  Autor: Cornelius Castoriadis – Conferencista Prof. Me. Thiago Lemos da Silva
21 h 15 min – Autor: Primo Levi – Conferencista Prof. Me. Carlos Roberto da Silva

Inscrições
Período: 26.08 a 05.09 -  (Vagas Limitadas)     

Local:             Site     www.unieventos.unipam.edu.br
Pagamento da taxa de R$ 2,00: + um caderno brochurão (Laboratório de Pedagogia – 1º piso – Bloco M)

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

 Lançamento de O Anarquismo e os Sindicatos Operários - Fernand Pelloutier (Rio de Janeiro)
Lançamento de O Anarquismo e os Sindicatos Operários - Fernand Pelloutier (São Paulo)

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Escritos sobre a Imprensa Operária da Primeira República - João Gabriel Mateus da Fonseca





“Ação direta ensina a viver sem tutela”: o aspecto pedagógico da luta política na imprensa anarquista e operária brasileira

Repudiamos [...] a ação eleitoral e parlamentar, que só serve para reforçar o Estado [...] e adormecer as energias populares. O nosso método é ação direta que [...] tende a despertar a iniciativa e a coragem, leva a agir por conta própria, a unir-se, a viver sem tutela [...] preconizamos (como meios de ação direta) a greve, a boicotagem, a sabotagem, a agitação de praça, o comício, a greve geral, e por fim a insurreição e a expropriação a que os oprimidos e explorados devem recorrer, se a isso levados pela necessidade e pela consciência da sua própria força.

Ao enunciar sua definição dos militantes engajados com o jornal A Plebe, Neno Vasco introduziu uma imagem capaz de traduzir o aspecto essencialmente pedagógico do qual estava profundamente impregnada a luta política levada a cabo pela imprensa anarquista e operária, durante o contexto que abarca o período da Primeira República no Brasil.Inscrevendo a ação direta no cerne da política, Neno Vasco e seus companheiros de viagem apostavam na possibilidade de o proletariado aprender, por si mesmo, a lutar em prol dos interesses da sua classe social, construir a consciência dos antagonismos entre capital-trabalho, superar a função do Estado e, por conseguinte, revolucionar a sociedade capitalista, fato que tornaria exequível sua reconstrução ulterior em direção ao socialismo.
Perscrutar esse aspecto sublinhado por Neno Vasco constitui o objetivo maior do trabalho de João Gabriel da Fonseca. Resultado de pesquisa e redação de monografia defendida junto ao Curso de História do Instituto Federal de Goiás, o livro deste jovem pesquisador lança um novo olhar sobre os aspectos “formais” e “informais” do projeto político-pedagógico do jornal A Plebe, durante A Semana Trágica de 1917 na cidade  de São Paulo, momento  particularmente rico do “sonhar libertário”, para evocar aqui a feliz expressão de Cristina Hebling Campos.
Breve, porém, intensa em termos de agitação social, A Semana Trágica assume na narrativa tramada pelo autor mais que meros sete dias de existência. Privilegiando os múltiplos fatores que a tornaram possível, João Gabriel da Fonseca coloca em evidência a luta contra a carestia de vida, a diminuição da jornada diária para 08 horas, a regulamentação do trabalho infantil e feminino, as ressonâncias da Revolução Russa, o assassinato do operário José Martinez, os saques ao Moinho Santista, o emergir das Ligas Operárias de Bairro e o papel do Comitê de Defesa Proletária.
No entanto, ela não se reduz a isso. Distanciando-se das interpretações esquemáticas e simplistas, o historiador recusa-se a ver n’A Semana Trágica um ato puramente espontaneista dos trabalhadores por um lado, ou como a ação diretiva de uma vanguarda política por outro. Pelo contrário, ela revelaria o processo de enraizamento e duração da estratégia de ação direta, forma pela qual o anarquismo exerceu sua hegemonia no interior do movimento operário brasileiro, que se encontrava presente nas lutas contra o patronato desde a aurora do século XX. 
Das atividades nos sindicatos até as intervenções nas escolas racionalistas, passando pela crítica ao militarismo e a luta anticlerical, João Gabriel da Fonseca nos mostra o papel não desprezível que A Plebe, surgida no entremeio d’ A Semana Trágica, desempenhou enquanto centro de aglutinação e irradiação de um projeto político-pedagógico que conferiu à ação direta a difícil tarefa de ensinar os trabalhadores a viverem sem tutela.
Na sua luta pela autonomia, esse projeto não se restringiu as formas tradicionais de educação política, que visavam persuadir os trabalhadores racionalmente por meio da propaganda doutrinária. Ao lado dessa forma de educação política, vemos surgir nas páginas d’ A Plebe , uma outra, que integra, mas, ao mesmo tempo ,transcende a sua dimensão puramente racional; fato que não se furta à análise extremamente cuidadosa de João Gabriel da Fonseca.
 Em conjunto com os panfletos, ensaios, informes e demais gêneros literários cuja fisionomia se aparenta, o autor também se detêm nos gêneros literários que não podem ser tomados apenas como formas de propaganda dirigida, tais como as caricaturas, poesias e crônicas. Com objetivos semelhantes, porém com funções diferentes, esses gêneros literários tinham como finalidade mais sensibilizar do que persuadir os trabalhadores na sua luta contra o capital, mostrando que a autonomia é uma conquista que passa tanto pelo intelecto quanto pelo coração.
Se analisada a partir dessa perspectiva, o aspecto pedagógico da luta política enfatizado por Edgard Leuenroth, Florentino de Carvalho, Adelino Pinho e os demais articulistas d’ A Plebe ganha outro sentido, muito mais profundo e abrangente. Tal como é entendido pelo autor, a luta política é, em si mesma, tomada como um processo pedagógico. Não se tratou, obviamente, de um projeto que visava criar uma escola aonde o militante “iluminado” viria, em um passe de mágica, fazer com que os trabalhadores aprendessem o socialismo, mas, antes fazer com que as organizações que lutavam pelo socialismo tivessem um caráter pedagógico.
O constante esforço dos anarquistas para retirar os trabalhadores da apatia e incitá-los à ação, o qual eles responderam de modo positivo e efetivo, talvez nos ajude a entender a reação violenta dos poderes instituídos na semana de 09 a 16 de julho do ano de 1917. Afinal de contas, nada mais perigoso a uma República cujo cimento da dominação estava assentado na dependência clientelista do que um movimento operário que agia de modo totalmente autônomo. Em virtude disso, o governo de São Paulo agiu de forma tão repressiva em relação aos movimentos grevistas que eclodiram na cidade no referido ano, procurando a todo custo erradicar os indesejáveis anarquistas, como se estes fossem plantas exóticas de impossível aclimatação em um solo tido  como ordeiro e pacífico, imagem esta que foi constantemente reatualizada e ritualizada pelas elites nacionais da época, quando tratou-se de deslegitimar toda  a  resistência por parte do jovem proletariado brasileiro contra o nascente capitalismo industrial.
Quase um século nos separa dos personagens dessa história que nos é contada pelo autor, o que pode gerar certo estranhamento no leitor que se dispuser a enfrentar o presente livro. Em uma época em que se anuncia “ o fim das utopias”, “ o desencantamento do mundo”, “ a ascensão da insignificância”, “ a amargura da história”, entre outros lugares para designar  o mundo dito “pós-moderno”, em que toda e qualquer forma de tentativa de mudar a sociedade constitui uma quimera irrealizável, o projeto político-pedagógico levado a cabo pelos anarquistas antes, durante e depois d’ A Semana Trágica parece algo arcaico e obsoleto.
Entretanto fica aqui o convite, em forma de desafio, para o leitor refletir se o livro é ou não contemporâneo ao século XXI, século que parece desconhecer a sábia lição extraída de Rosa Luxemburgo, também libertária, em face das reiteradas e frequentes derrotas do movimento socialista no século XX, bem como sua dimensão eminentemente pedagógica: “ Não estamos derrotados. Ao contrário, venceremos, se não tivermos desaprendido a aprender”.


Thiago Lemos Silva


Aqueles que tiverem interesse em adquirir o livro, podem entrar em contato com o autor pelo e-mail:joaogabriel_fonseca@hotmail.com







 

Terra Preta Encontro Libertário 30 de agosto a 01 de setembro na Ocupação Guarani-Kaiowá (CONTAGEM/MG)